terça-feira, 31 de maio de 2016

A gente segurou a mão um do outro pela primeira vez e eu acho que isso merece algum tipo de manifestação. Era como se o mundo tivesse permissão pra acabar enquanto nós nos beijávamos no meio de um show de rap. Porque parece mesmo que aquilo que temos seja algum refúgio do mundo, ou pode ser que o resto das pessoas estejam se refugiando de nós dois. Eu não tenho certeza sobre as nossas reais intenções, mas toparia qualquer coisa pra passar essa noite do teu lado, tentando descobrir. Porque eu já não acho mais nenhum outro ser humano interessante e de repente o seu beijo é o maior abraço que o meu corpo recebeu. Eu quase cogito a ideia de um estudo científico sobre o brilho do nosso olhar quando juntos. Como se nenhuma risada do no mundo fosse mais acolhedora que a sua e como se dar as mãos, em meio a um momento difícil, fosse a melhor forma de dizer que o teu corpo e coração estão comigo. Você me faz ter vontade de rir, cozinhar, te olhar tocando violão e não me importar com nenhuma das pessoas que nos pedem calma.

Pode ser que estejamos mesmo no entusiasmo e no fim vamos acordar dessa utopia, mas não me deixa faltar esses olhares convidativos, porque eles sabem muito de mim. Não deixa perder essa fusão de sentimentos quando nos olhamos bobos e sorrindo na frente dos nossos amigos, porque sorriso era a única forma de gritar o que a gente sentia. Não me deixa mais faltar esse medo de dizer que pode sim ser amor, mas que existe falta de ar dizendo isso. Não me deixa faltar essa saudade absurda de dormir todos os dias ao seu lado, de sexo matinal, de risada descontrolada, de códigos nossos, de “me ajuda aqui a limpar o meu banheiro”. Eu te gosto de formas incorrigíveis.
Eu poderia terminar todos os domingos da minha vida te dando um beijo estranho dizendo que vou sentir sua falta, mas ao invés disso a gente ri durante a frase e se mostra maior do que qualquer saudade. Eu poderia tomar banho todos os dias e descobrir marcas suas pelo meu corpo. Poderia dizer que o convite de entrar na sua casa poderia ser pra entrar na sua vida e que te ver cozinhando é a coisa mais sexy que o mundo já me proporcionou. Eu gosto de cada centímetro de você e a minha alma sorri quando eu levo a surpresa de ganhar um “cara, tu é linda” enquanto lavo a louça.

E por mais que os nossos amigos tentem, a gente não namora, a gente não exige compromisso nem nada. A gente não se prende, mas nunca mais queremos nos soltar. A gente não tem rótulo, mas tem um ao outro como ninguém tem. A gente não tem vergonha, a gente ri quase que vinte e quatro horas por dia, a gente se aguenta no mau humor, a gente divide a cama com a sua cadela peluda, a gente bebe shots de tequila sem sal nem limão, mas com beijos. A gente divide o poder de congelar o mundo enquanto se olha. A gente não tem apelido carinhoso, mas hoje à noite eu queria te chamar de meu.

— Eduarda Leichtweis.

domingo, 29 de maio de 2016

Saudade

Às vezes bate uma saudade de tudo que já passei, desde os mementos fáceis aos mais difíceis, daqueles que pensamos que nunca iriam acabar. É como se abrisse um buraco dentro de ti, e tu caísses, sem ter onde segurar. Os anos passam, a vida passa, nós crescemos e o que fica para trás? A SAUDADE. Olho as fotos de quando criança, ou até mesmo da adolescência e mesmo acabando de sair da mesma, da um aperto no peito, só em saber que algumas pessoas que estava comigo, hoje já não estão mais. A lembrança é o que me resta, ou melhor, nos restam. Cada pessoa que faz ou fez parte de nossa vida, é um grão de areia para essa construção. Somos um monumento onde só restam as lembranças, cada qual com sua magia de fazer rir, chorar, estressar, odiar, amar, ou até mesmo aquelas pessoas que mesmo não fazendo parte do seu dia a dia, é como se ela estivesse contigo. Eu sou assim, esse poço de sentimentos, uma hora sentimental demais, outra hora nem aí,  com vontade de viajar mas também tem aquele momento de ficar sozinho, sem ninguém para falar nada, mas é uma pena que sempre tem alguém para estragar esse momento. Eu tenho disso, de sentir saudades do que já foi, do que está por vir, ou até mesmo do presente e infelizmente não estou aproveitando, é como uma dor que nunca se acaba, tem dias que sou tão sentimental que só quero ficar calado, na minha, sem ter alguém pra perguntar o porquê de eu estar assim. Sem falar de saudade, talvez até com com ciúmes das pessoas que só fazem turismo na minha vida, tenho quase certeza que é ciúmes, mesmo não fazendo tanta diferença na vida das mesmas. É, a saudade às vezes nos mata aos poucos, sem  percebermos, mas é a vida, se não há presente, não há passado, e se não há passado, não há futuro. 
Fonte:

terça-feira, 24 de maio de 2016



Eu quero que você saia e beba com suas amigas e fique de ressaca no outro dia, mas me ligue pra ir na sua casa por que esqueceu de comprar remédio pra dor de cabeça, e porque simplesmente quer me ver.


Eu quero que você me conte sobre o cara que ficou te olhando a noite toda, e como você foi educada dando uma fora nele porque simplesmente ele não era eu.

Eu quero que sejamos amigos, daqueles que xingam um ao outro com uma intimidade absurda, e que tenhamos respeito quanto o assunto for sério... Mas não vou ligar se você simplesmente rir da minha cara quando eu tiver falando algo importante pra você.

Eu quero que tenhamos nossas vidas, e que vez ou outra um de nós possa sumir sem dar notícia para o outro, e que a saudade aperte querendo que a carinha do messenger pule na tela do celular com aquele "oi" que estremece cada fibra do corpo, gela o estômago e sobe pra boca em forma de sorriso. Mas quero, que simplesmente, eu possa confiar em você quando isso acontecer, que você não irá fazer nada de errado, e que possa confiar em mim também.

Eu não quero mais essas fórmulas banais que todo mundo rotula, eu quero ser idiota, fazer alguma idiotice pra pra você rir, e rir quando você contar alguma piada sem noção. Eu não quero enlouquecer sozinho, e digo, só quero que você enlouqueça comigo.

Não quero que tenhamos aqueles jogos de indiferença como as pessoas de hoje em dia, que a gente não se procure por orgulho ou pra poder se "entregar" menos. Não quero que nosso cérebro brigue pra ver qual é o mais inteligente nesse jogo do amor, enquanto nossos corações pedem um pelo outro.

Eu quero que você seja livre, porque a liberdade surte efeito. Que você faça o que sentir vontade, a hora que bem entender, porque só eu sei o quão você é linda nesse seu mundo onde ninguém te alcança. E quando o céu abrir, e o sol chegar, eu vou te levar pra ver o mar.

Eu quero a minha vida de solteiro, e quero que você continue com a sua. Mas que sejamos comprometidos um com o outro, que apesar de tudo, no final do dia a gente possa estar deitados na minha cama juntos olhando pro teto atoa.

Que a gente se ame sem motivo. Que seja SIMPLESMENTE amor.

Assim, caso alguém tente atrapalhar, caso alguém faça fofoca, se você ficar feia ou gorda, se eu ficar pobre, ou qualquer outra coisa. Nada mude. Porque SIMPLESMENTE ainda seremos nós.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Querido John

Eu te amei desde o primeiro momento em que os meus olhos pousaram sobre os seus. Eu não tinha como saber que você namorava e você, não sei por qual motivo, não me deixou saber. Mas já se passaram dois anos e mesmo morando tão perto a gente nunca mais se esbarrou, nem mesmo quando eu ia até o seu barzinho preferido só por uma coincidência qualquer, quem sabe, finalmente te encontrar, pois é, nunca deu certo. É que já se passaram dois anos e eu continuo pensando em você. Que tolo, não? Mas foi naquela tarde ensolarada de agosto em que você me mandou uma mensagem, te juro, eu esperava uma mensagem do papai noel mas não você, que a chama reascendeu. Na verdade, ela nunca se apagou. Não sei como é que acontece, quando é amor deve acontecer alguma reação química dentro da gente, mas o nosso corpo sabe quando é. É natural, o sorriso acontece mesmo sem querer, as pernas ficam bambas, o coração aperta só de ouvir ele chamar seu nome. A gente sabe quando é até mesmo quando nega, bate o pé e diz que não é. Estou escrevendo esse texto porque nunca teria coragem de te dizer tudo isso. Ah, já se passaram dois anos e eu continuo um bobo apaixonado. Você se quer me deu esperanças, mas eu nunca precisei. Quando se gosta de alguém a gente mesmo cria as próprias esperança, tira forças não sei de onde para persistir e acreditar que vai acontecer. Sempre me perguntam por que eu nunca namorei. Não sei se sou eu, mas nunca aconteceu, sabe? Eu nunca deixo ninguém permanecer tempo suficiente até as coisas ficarem sérias. Mas semana passada, minha amiga me perguntou se eu nunca amei ninguém. Demorei algum tempo pra responder, dizem que um filme passa na nossa frente quando estamos perto da morte, eu deveria esta morrendo de amores, porque vi você sorrindo. Então respondi que não, nunca amei ninguém. É, já se passaram dois anos, e eu continuo te amando.

domingo, 15 de maio de 2016

O amor.

Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal.E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados “alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor” e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra”. E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.
Tati Bernardi

terça-feira, 10 de maio de 2016

Então hoje, quem diria, eu desisti. Acreditem! Desisti de achar que o mundo é todo flores, que é possível ser feliz de qualquer jeito, a qualquer hora. Existem, sim, dias em que nada dá certo e não há nada capaz de nos fazer sorrir por muito tempo. Existem dias em que nada é mais libertador do que um choro acompanhado de soluços. Desisti de deixar a tristeza de lado sempre, porque às vezes tudo o que nossos olhos pedem é um pouquinho de lágrima. Todo mundo precisa de um banho demorado para tentar lavar a alma, um dia inteiro sem contato visual com qualquer pessoa, uma noite de insônia. Todo mundo precisa sofrer um pouco, de vez em quando. Sofrer é libertador! É triste, é desesperador, muitas vezes, mas é necessário. É a nossa provação, o fogo que forja nossas espadas. Não mata, ainda que pareça corroer; não sufoca, mesmo que ocasione certa falta de ar. Mas também precisamos desistir às vezes. Não de tudo, não dos sonhos e dos anseios, e sim de batalhar tão corajosamente, quando os outros já se encontram acampados e descansados. Permitir-se jogar no campo e fingir-se de morto. Saber aceitar que algumas lutas já se perderam no tempo. Desistir por um ou dois minutos, só para sentir a leveza no corpo, o agridoce na ponta da língua. Ser realista por dez segundos, até ser atingido por outro sonho, ainda maior, e voltar a pensar positivo. Esvair-se em lágrimas e deixar que os pés fraquejem por um momento.Todo mundo precisa desistir! Desistir para recuperar as forças, quando tudo cansa, tudo pesa. Abandonar a si mesmo para que permita-se um dia inteiro se arrastando pela casa, sem culpa ou pressão das obrigações. E foi exatamente o que eu fiz: cedi. Não atendi telefonemas, não me deixei acordada por muito tempo, não me ergui e nem me obriguei a seguir a mesma rotina novamente. Larguei o medo de ser triste, porque minha felicidade exaltada nada mais é que o medo de sofrer, e fui me abater livremente! Como se não houvesse amanhã, fui toda desalento por hoje e mais mil anos. Hoje, guardem bem essa data, eu desisti. Porque amanhã, vejam bem, amanhã já é outro dia. É dia de segurar outra a vez a espada forjada com o fogo de hoje e partir para a próxima. Quem é que sabe quantas lutas o amanhecer me reserva?
— rio-doce