terça-feira, 10 de maio de 2016

Então hoje, quem diria, eu desisti. Acreditem! Desisti de achar que o mundo é todo flores, que é possível ser feliz de qualquer jeito, a qualquer hora. Existem, sim, dias em que nada dá certo e não há nada capaz de nos fazer sorrir por muito tempo. Existem dias em que nada é mais libertador do que um choro acompanhado de soluços. Desisti de deixar a tristeza de lado sempre, porque às vezes tudo o que nossos olhos pedem é um pouquinho de lágrima. Todo mundo precisa de um banho demorado para tentar lavar a alma, um dia inteiro sem contato visual com qualquer pessoa, uma noite de insônia. Todo mundo precisa sofrer um pouco, de vez em quando. Sofrer é libertador! É triste, é desesperador, muitas vezes, mas é necessário. É a nossa provação, o fogo que forja nossas espadas. Não mata, ainda que pareça corroer; não sufoca, mesmo que ocasione certa falta de ar. Mas também precisamos desistir às vezes. Não de tudo, não dos sonhos e dos anseios, e sim de batalhar tão corajosamente, quando os outros já se encontram acampados e descansados. Permitir-se jogar no campo e fingir-se de morto. Saber aceitar que algumas lutas já se perderam no tempo. Desistir por um ou dois minutos, só para sentir a leveza no corpo, o agridoce na ponta da língua. Ser realista por dez segundos, até ser atingido por outro sonho, ainda maior, e voltar a pensar positivo. Esvair-se em lágrimas e deixar que os pés fraquejem por um momento.Todo mundo precisa desistir! Desistir para recuperar as forças, quando tudo cansa, tudo pesa. Abandonar a si mesmo para que permita-se um dia inteiro se arrastando pela casa, sem culpa ou pressão das obrigações. E foi exatamente o que eu fiz: cedi. Não atendi telefonemas, não me deixei acordada por muito tempo, não me ergui e nem me obriguei a seguir a mesma rotina novamente. Larguei o medo de ser triste, porque minha felicidade exaltada nada mais é que o medo de sofrer, e fui me abater livremente! Como se não houvesse amanhã, fui toda desalento por hoje e mais mil anos. Hoje, guardem bem essa data, eu desisti. Porque amanhã, vejam bem, amanhã já é outro dia. É dia de segurar outra a vez a espada forjada com o fogo de hoje e partir para a próxima. Quem é que sabe quantas lutas o amanhecer me reserva?
— rio-doce 

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